5 de jul. de 2013

CONTROL



          
            Pela segunda vez, assisti ao filme Control (2007). A sensação que o filme transmite foi aprofundada mais ainda e mais detalhes passaram diante de meus olhos, o que torna essa obra cinematográfica realmente admirável.
         Dirigido por Anton Corbijn e baseado no livro ‘’Touching from a Distance: Ian Curtis and Joy Division’’, de Deborah Curtis, viúva de Ian Curtis, o filme traz a trajetória da banda Joy Division, com enfoque dado devidamente a seu vocalista e no que fez com que ele cometesse suicídio aos vinte e três anos de idade. 

Ao longo das cenas iniciais, vemos um Ian Curtis sereno, um pouco fora de órbita e impulsivo, além de também presenciarmos as pequenas, não menos importantes, marcas que a banda fez na história da música pós-punk. No decorrer dos acontecimentos, estamos a observar um misto de emoções: raiva, melancolia, glória, medo. 

Acho que o medo prevalece, pois vemos essa emoção transbordando nos olhos do ator em determinadas cenas. Para os fãs da banda, não é nenhuma novidade a condição epilética de Ian, que o impedia, às vezes, de dar continuação a certos concertos e ensaios. Aí o medo do cantor transmitido anos depois pelo ator Sam Riley. O pânico toma conta até em cenas que são supostamente serenas e mórbidas, mostrando a incerteza de sua condição desconhecida para sua época.
O longa-metragem é inteiramente monocromático. Incomodou-me na primeira vez que o assisti, pois tornou a época muito mais distante do que já é. Senti que realmente estava ‘’tocando de uma distância’’. Por outro lado, espero que essa tenha sido a ideia do diretor Anton – tornar a atmosfera pesada, sem vida, distante. Se não foi... Bem, um pouco de cor teria feito jus para que criássemos a sintonia com a banda que o roteiro criado requeria. E não podemos nos deixar de levar com o ambiente criado pelo diretor e equipe. Joy Division, apesar de carregar fortes emoções depressivas, não era composta pela solitude e tristeza de Ian. De acordo com Peter Hook, ex-baixista do grupo, se não tivesse lido a palavra ‘’hate’’ pintada no casaco dele quando o conheceu, acharia que ‘’filhotes’’ ou algo mais fofo estaria escrito no lugar quando ele se virasse, pois o cantor era dócil, gentil e brincalhão com todos.

 
Senti falta de momentos descontraídos quando o filme estava se desenvolvendo, pois acho que isso atribuiria a um conceito que senti que o diretor queria criar – o conceito humano de Ian.

Todavia, a mente de Ian Curtis não tem como ser desvendada no pouco de material que se obtém de entrevistas de qualidade. Tudo o que temos são as interpretações de sua viúva, amigos e familiares. O legado criado por essa banda pós-punk continua, atravessando gerações, mesmo que sejam distantes. Essas várias interpretações do que o levou ao suicídio, de certo modo, criam o culto à banda.

Ian tira sua vida em 18 de maio de 1980 – encerrada, no filme, com a famosa música ‘‘Atmosphere’’ -, deixando um casamento à ruína, uma filha pequena e uma banda atingindo sua glória efêmera.
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...